Mónica Chaves Afonso

No outono escaldante de 1970, chorei, pela primeira vez, para cumprir o ritual, porque isto, quando se nasce, se não se chora, parece mal.

Aconteceu em Lisboa, capital de Portugal, três anos e seis meses antes do fim do Tarrafal.

Cresci em liberdade, que sorte descomunal, sempre disse o que me apetecia e ninguém levava a mal.

Entrei no mundo das artes, na escola de dança do conservatório nacional, seguiu-se o teatro e o ensino tradicional.

Escolhi o mundo da química para me especializar, e descobri nas moléculas histórias de pasmar.

Não é que têm vontade própria e brincam com os eletrões? E as cores e formas que elas criam dentro dos balões?

Depois, andei por aí, vi outros costumes, outras gentes e viciei-me na variedade de horizontes divergentes. Desdobrei-me e descobri que isto de gerar vida e de a ver desenvolver é um retornar ao planeta que abandonei ao crescer.

Foi então que resolvi que devia partilhar um pouco do que por aí vi a brincar e a rimar.

 

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